Wednesday, November 29, 2006


Escrever é também não falar.
É calar-se.
É gritar sem ruído.

Marguerite Duras

Monday, November 20, 2006

Como esquecer

Hoje (re)encontrei este texto que tanto me faz lembrar os meus tempos de teenager inconsciente... Transporta-me de volta aos meus tempos de secundária e aos dramas dos amores e desamores próprios da idade... :)

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saiem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza so há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de termina de lembra-lo. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doida, devidamente honrada. É uma dor que é preciso, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta magoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos moí mesmo e que nos da cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos distrairmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos, amigos, livros e copos, pagam-se depois em conduídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais falta das pessoas que amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor.
As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Mas é preciso aceitar, é preciso sofrer, dar murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração.
Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio de remoinho de erros que nos resolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor ? temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.
As pessoas magoam-se, separam-se, abandonam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquece-las, é preciso choca-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparem como ainda temos esperanças de contorna-la.
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas nas Caraíbas, livros de poesia ? só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar o fôlego.
Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amámos de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isto conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste, uma barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.
Quando já é tarde para voltar atrás, percebesse que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar! Ai, está o sofrimento maior de todos. Aí está a maior das felicidades.
Miguel Esteves Cardoso, Último Volume

Thursday, November 16, 2006

Moranguito


Isto de estar diariamente num centro comercial tem muito que se lhe diga... Por exemplo, geram-se situações inesperadas mas que nem por isso deixam de ser hilariantes...

Ontem decidi ir comprar um ferro de engomar... Acho que já está na altura de começar a passar a roupa a ferro, pq isto de andar com a roupa tipo "a da feira de Carcavelos" já não dá com nada... lolololol

Qual o meu espanto qd ao aproximar-me da dita loja me deparo com um barulho insurdecedor e uma multidão de "pitas" histéricas...

Nãooooooooo, era o FF!!!!!! Será que o meu coração iria aguentar tanta emoção... Pensei em saltar lá para a frente e gritar: ÉS LINDOOOOOOOOOOOO !!!

Obviamente que tou a gozar... Algum dia fazia uma figura dessas... lolololol

Lembrou-me há uns anos atrás qd eu, a Vera e a Joana fomos ver o Enrique Iglesias... Pronto, admito eu estive lá... Após uma longa seca lá apareceu o pikeno com um ar muito "naive" e com o seu metro e noventa de puro charme latino... lol

Mas voltando ao FF... Foi engraçado escolher um ferro de engomar a ouvir a criatura cantar... Embora ñ seja de forma alguma o meu estilo de música, reconheço q o puto canta bem...

Mas ainda se fosse um Eddie Vedder, aí sim a conversa já seria outra... lolololol

Sunday, November 12, 2006

O Perfume


Ante a ânsia de conter todos os aromas;
Ante a inquietude em querer captar a singularidade de cada essência,
A dor de manter insolúvel o cheiro do ser amado...
Fui ver o filme sem ter lido o best-seller de Patrick Süskind... É um filme inquietante centrado na estranha obcessão de um homem em captar o cheiro de todas as coisas... Um filme intrigante que não é mais do que o drama de uma homem cujo atípico dom olfactivo leva a ultrapassar todos os limites em prol da criação da fórmula perfeita...
Éclat d' Arpège - o meu perfume : )))

Friday, November 10, 2006

Portoooooooooo!!!
















É verdade eu, tal como o Rui Veloso, fui ver como se trocam os "vês" pelos "bês"... lol
Nada melhor que ir ao Porto para perceber a técnica e estudar a fundo a questão... : )
Agora a sério: no último f-d-s fui ao Porto, foi uma grande aventura imprópria para cardíacos, hipocondríacos e impacientes...

Na sexta-feira lá sai eu de Lisboa com destino à Invicta, onde cheguei perto das 00:00. Embora tenham sido mtas horas até se fez bem, munida do kit: mp3 + revista!!! O único senão eram mesmo as cadeiras do espresso, pq acho q se não sofria de reumatismo passei a sofrer... Qd cheguei ao Porto parecia uma "cigana velha": era montes de tralha e uma mão nos quadris... lololol
O reumatismo pareceu-me, de longe, uma coisa bem lixada... : )))))))))

Lá reencontrei a minha melhor amiga, de braços abertos para me receber, e lá rumamos à Boavista para descansar. Havia que preparar o dia seguinte para conhecer tdo o q havia para conhecer... ; )))

No sábado a chuva resolveu aparecer... Sim, pq o Porto sem um dos seguintes fenómenos: chuva; nevoeiro, frio ou escuridão ñ é o Porto!... ; )))
Dp qlq forma ñ foi isso q nos demoveu de explorar o Porto de uma ponta à outra!!! Gostei!!!
Pelo meio lá paramos para comer uma francesinha, tinha de ser...

Domingo foi o dia de andar com "a tralha às costas" para voltar para Lisboa... Faltavam-me 2 coisas fundamentais: andar de metro (q é mto parecido com o electrico de lisboa, mas a vera diz q parece mal dizer em voz alta) e ir ao Dragão meter lá uma bomba... LOLOLOLOLOL
Pronto, ir ao dragão ver as vistas...

Achei piada ao passe para o metro se chamar "Andante", fez-me lembrar (novamente) o Rui Veloso e o seu "cavaleiro andante"... lol

Gostei do dragão, realmente o estádio é bonito... Tb gostei do Dolce Vita que está mesmo ao lado... ; )

Dp de tanta emoção para um dia, finalmente chegou a hora de comprar o bilhete para voltar a casa... Sim porque em 2 dias não disse a palavra "Lisboa" e "Benfica"... lol Já ia sentindo algumas saudades... : ))))

Aí começou a grande aventura... lol Qd fui comprar o bilhete o senhor da CP advertiu-me para o facto da linha estar cortada entre Pombal e Entroncamento pelo que teriamos de fazer o transbordo de autocarro... Ele disse-me que não havia previsão dos atrasos e - há q fixar esta parte pq é importante - não haviam previsões de normalização e previsões de quanto tempo seria o atraso..

Vi logo q saía do Porto às 15:10 e chegava lá para as 21:00 a Lisboa... Bruxo!!!

(to be continued...)